As exportações brasileiras em junho chegaram a US$ 17,912 bilhões e as importações a US$ 10,449 bilhões, com saldo positivo de US$ 7,463 bilhões e corrente de comércio de US$ 28,361 bilhões. Esse foi o maior saldo comercial da série histórica para o mês de junho e o segundo maior considerando todos os meses. No ano, o saldo positivo é de US$ 23,035 bilhões, com corrente de comércio de US$ 181,825 bilhões – US$ 102,43 bilhões em exportações e US$ 79,395 bilhões em importações. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (1º/7) pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia.

O saldo recorde para junho representou um crescimento de 25,4% em relação aos US$ 5,4 bilhões de junho do ano passado, pela média diária. Já a corrente de comércio recuou 18,4% na mesma comparação – foram US$ 31,4 bilhões em junho de 2019. O valor exportado em junho baixou 12%. Nas importações, a queda no valor foi maior (-27,4%). O volume exportado, porém, registrou aumento de 14%.

O aumento do volume exportado também é destaque no acumulado do semestre. Na Agropecuária, o crescimento de quantum foi de 22,8% no período, com alta de 41,5% no volume exportado de soja. Na Indústria Extrativa, com volumes crescentes nas exportações (+5,5%), o principal aumento foi de óleos de petróleo ou de minerais betuminosos crus, com alta de 30,6% até junho. A Indústria de Transformação, por sua vez, registrou aumentos que chegaram a 53,8% em açúcares e melaços, 12,9% em carne bovina e 1,2% em celulose.

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Impactos da crise

Segundo o secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Lucas Ferraz, o desempenho do comércio exterior brasileiro em junho foi afetado principalmente pela crise global – a maior desde 1929 –, que deixa todos os países expostos a choques negativos de oferta e demanda, agravando um cenário que já vinha em desaquecimento em anos anteriores, sobretudo em relação ao comércio internacional.

Por gerar um choque negativo, a crise derruba os preços internacionais, não só de commodities, mas também de produtos de maior valor agregado. “É uma crise que atinge frontalmente os bens de maior valor agregado, e os nossos resultados refletem essas condições”, explicou.

Ferraz comentou que as exportações brasileiras vêm caindo de forma generalizada para destinos importantes, como os Estados Unidos (-26,6%), América do Sul (-28,1%) e Europa (-6,8%). “Tudo isso em função do desaquecimento global, da queda da demanda por produtos importados nas economias dessas regiões, que têm sofrido bastante com essa crise internacional”, afirmou.

Ásia e agropecuária em alta

Por outro lado, houve crescimento de 14,6% nas exportações para a Ásia (excluindo o Oriente Médio). Nesse cenário, destaca-se o melhor desempenho relativo das exportações de produtos agropecuários e do setor extrativo, na comparação com as exportações de produtos de maior valor agregado.

Isso se deve ao fato de o continente asiático, que é o principal destino dessas commodities, estar se recuperando mais rapidamente. “Portanto, há uma demanda significativa pelo consumo desses produtos, que têm menor elasticidade de preços mesmo em meio a uma crise, porque os consumidores continuam comprando produtos alimentares”, diz o secretário.

Além disso, ele salienta que o Brasil tem condições de oferta particulares, graças à safra recorde de grãos e às boas condições das cadeias de suprimentos do agronegócio, mesmo em meio à crise, aliadas à “grande competitividade intrínseca do agronegócio, já que o Brasil é um grande player do agronegócio do ponto de vista internacional”.

A agropecuária, de fato, liderou o desempenho da balança no mês passado, com crescimento de US$ 57,49 milhões (+29,7%) nas exportações em relação a junho de 2019, pela média diária. Já na indústria extrativa as vendas externas recuaram US$ 54,64 milhões (-26,1%), enquanto em produtos da Indústria de Transformação houve queda de US$ 118,08 milhões (-21,0%).

No acumulado do ano, comparando com igual período do ano anterior, o desempenho dos setores pela média diária também registrou crescimento das exportações em Agropecuária, de US$ 41 milhões (+23,8%). Na Indústria Extrativa, no entanto, houve queda de US$ 18,36 milhões (-9,6%) e na Indústria de Transformação, um recuo de US$ 78,63 milhões (-15,1%).

Nas importações, houve queda de US$ 2,49 milhões (-15,6%) em Agropecuária; de US$ 10,42 milhões (-22,3%) em Indústria Extrativa; e de US$ 174,28 milhões (-28,1%) em produtos da Indústria de Transformação, pela medida diária, na comparação entre junho de 2020 e o mesmo mês do ano passado.

Da mesma forma, no acumulado do primeiro semestre, houve queda das importações de Agropecuária, de US$ 1,08 milhão (-6,1%); da Indústria Extrativa, de US$ 14,36 milhões (-30,9%); e de produtos da Indústria de Transformação, de US$ 19,67 milhões (-3,2%).

Perspectivas para 2020

Os dados até junho levaram a Secex a refazer as previsões para 2020, chegando a uma estimativa de redução de 10,2% em valor nas exportações e de 17% nas importações. A queda da corrente de comércio deve ficar em 13,2%, enquanto o saldo comercial tende a subir 15,2%, chegando a US$ 55,4 bilhões.

Segundo Lucas Ferraz, isso “dá mais conforto às contas externas do país e é o reflexo direto de uma exportação que tem tido um desempenho, na média, melhor do que as importações, gerando excedentes comerciais e contribuindo para uma queda, talvez, menos acentuada do PIB e da economia brasileira neste ano”, afirmou.

A notícia foi publicada na página do Ministério da Economia.

Notícia enviada pelo site Siscomex ( http://siscomex.gov.br/)

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